quinta-feira, 8 de março de 2018

As dores que sinto em meu corpo me causam um receio de morrer antes de conseguir sair dessa vida, desse buraco em que estou. Tem sido cada vez mais difícil não beber. Meter goela abaixo essas porcarias para poder me esquecer das minhas dores tem sido cada vez próximo. Mas não consigo sair disso assim como não consigo sair da presença cada vez mais incomoda de todos e, sobretudo, da presença de mim mesmo. Sou raivoso, inquieto, amargo, rude e folgado. Não pareço nem de longe o ser humano que em certos momentos fez eu gostar de estar em minha companhia. A possibilidade de eu levar isso adiante poupando meu corpo e me concentrando na travessia que supostamente me prepara sentimentos melhores me parece cada vez mais remota. É claro que essa travessia não pode existir enquanto eu não existir. Não me sinto, ignoro na maior parte do tempo o meu corpo e o sentido das coisas que sinto e faço. Minha vontade é ignorar tudo. 

A raiva, a culpa e o ressentimento me paralisam. Sinto-me vítima de sentimentos que nunca imaginei fossem crescer e se transformarem em quase incontroláveis, sentimentos que me fazem temer as pessoas, deixar de trabalhar e ser joguete de minha própria vulnerabilidade. Sempre fumei e bebi de forma a machucar meu corpo e não conseguir parar. (tempo para pensar) Eu não consigo lidar com mimguém e tomar qualquer decisão que me pareça acertada, pensada ou que, enfim, não seja baseada nesse turbilhão de sentimentos me custa horrores. Acabo por me render.

Irritabilidade gratuita, medo do fracasso. Seria a boa hora para tomar aquela dose de uma boa vodka e esquecer. Me pego ao mesmo tempo preocupado em fazer as coisas que preciso fazer e com pouca inspiração para tal. Minha cabeça trava! Mas eu quero experimentar não beber, pois bebendo eu tenho acumulado esse mal estar que nasce da pouca produtividade e criatividade que eu tenho tido nas coisas que gosto de fazer, que nasce também da pobreza que tem sido minha relação com as pessoas e coisas ao meu redor. Eu posso criticar, pensar ou procurar alternativas para os valores do mundo em que vivo com relação a exigências de produtividade ou ao afeto, e o álcool realmente me ajuda, ou me ajudou em certos momentos, a encontrar certos caminhos de pensar e sentir, mas definitivamente, agora, ele tem me tirado justamente a possibilidade de fazer isso a não ser de forma muito infértil. Inversamente, o uso que sempre fiz do álcool só me tirou qualquer chance de trabalhar e sentir. Uma coisa é cair na armadilha dos valores da “sociedade do espetáculo”, ou como queiram chamar, outra é desistir de achar outros caminhos. Álcool representa isso para mim hoje: desistir.

Espero ter forças...

2 comentários:

  1. Nossa...
    Que luta!!! Não desista!!! A vida é linda em todos os sentidos, co todos os problemas, fracassos, quedas, olhe para o céu, respire e siga em frente!! Não a dor que dure para sempre. E não pense que eu digo isso porque não tenho problemas ou a vida é fácil para mim. Como eu disse meu marido é alcoólatra e ultimamente a vida tá tão dura que eu estou pesando 45 quilos e tanto sofrimento que venho passando. Mas te digo: A vida é linda!!! Eu sofro mas não deixo de sorrir!! E agradecer diariamente pela vida que tenho!!! Não consigo desistir nem reclamar dessa vida!! Continue!! O caminho da sobriedade é mais prazeroso!!

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