sexta-feira, 1 de agosto de 2014

17º dia

De madrugada, fiquei refletindo umas coisas e agora vou compartilhar aqui.
É cada vez mais comum as pessoas dizerem que não namorarão nunca mais. Os motivos são diversos e vão desde “ninguém presta” a “quero curtir a vida”. Confesso que por muito tempo fui um desses. Mas por que toda essa repulsa por relacionamentos, por se apaixonar e pelo amor?A maior parte dos seres humanos (se não todos) gosta sim de ter alguém ao seu lado, de saber que é importante para outra pessoa e sentir-se feliz apenas por estar em um relacionamento. Então por que ocorre todo esse asco? Porque praticamente todos nós já sofremos por amor. Já fomos traídos, enganados e iludidos. Já gostamos de quem apenas nos usou para sexo, status, diversão ou brincadeira. Fomos maltratados por pessoas que amávamos e deixados de lado por festas, outras pessoas ou trabalho. Tudo isso é muito para conseguirmos suportar, então, consequentemente, criamos uma barreira de proteção contra a dor. Dor causada por algumas más experiências. Então colocamos essa barreira enorme entre nós e os relacionamentos e vivemos em festas, bebedeiras, em uma vida promíscua e vazia ou nos acostumamos com a solidão. Isso vem somado a uma falsa ilusão de que estamos bem, usando de frases de autoafirmação, dizendo que somos extremamente felizes, que “eu não namoro nunca mais” e que é muito melhor ficar solteiro.
Outros, argumentam que preferem a liberdade de poder fazer o que quiser, de não precisar dar satisfação e nem ter cobranças, ciúmes e brigas. Realmente, estando solteiros não temos nada disso, mas também não temos aquele sentimento de felicidade que ocorre apenas ao lembrar que temos alguém, por receber uma sms de bom dia ou boa noite ou apenas ao ver uma pessoa sorrindo ao te encontrar. Também não temos o companheirismo, planos futuros e nem damos o melhor de nós mesmos.
Estamos “muito bem” sozinhos, mas acabamos conhecendo alguém que parece ser diferente e resolvemos arriscar. Então, o que geralmente acontece depois de um tempo? O namoro acaba e nos machucamos novamente. “AGORA SIM QUE NÃO NAMORO NUNCA MAIS!”, dizemos.
No entanto, o que ninguém entende é que esse namoro não deu certo, em grande parte, por sua culpa. Isso mesmo, SUA culpa. Como assim? Com as feridas dos relacionamentos passados, tornamo-nos mais frios, deixamos de nos dedicar ao novo relacionamento com medo de que aconteça tudo novamente – que você se fira, sofra e se iluda. No entanto, você está fazendo com que uma pessoa nova pague pelos erros dos seus relacionamentos fracassados anteriormente e por tudo que seu/sua ex cometeu. Isso é algo inteligente a se fazer? Ao entrar em um relacionamento já com proteções e “autoboicotando” a nova relação, quais as chances dele dar certo? Provavelmente VOCÊ será uma frustração para a nova pessoa e a contaminará com esse sentimento anti-namoro.
Estando solteiro (a), você faz dieta, entra na academia, “pinta seu cabelo, malha, malha e se valoriza”. Na fase da conquista, você se veste para a pessoa, arruma-se, usa o perfume que ela gosta. Namorando, passa a se descuidar, deixar as coisas pra lá. Sai com a pessoa vestida de qualquer maneira, engorda e para com a preocupação com a sua aparência. Ora, todo mundo quer um namorado(a) bonito, arrumado e que seja ao menos próximo da maneira que era quando o conheceu. Solteiro você se cuida e quando encontra alguém especial, não? Qual o sentido disso? Não é agora que deveria se cuidar ainda mais?
O mesmo vale para a parte de se dedicar. Solteiro, você dá um jeito de sair qualquer dia da semana para uma festa, mesmo que fique ferrado o outro dia inteiro. Namorando, se o aniversário de namoro ou alguma data especial cai numa 4ª, diz logo “vamos deixar pra comemorar no fim de semana, que temos mais tempo e aí não vou trabalhar cansada no dia seguinte”.
Solteiro, paga R$250 num show e gasta mais R$100 em bebida. Namorando, não quer viajar no fim de semana porque precisa economizar.
Namora, mas continua flertando com outros (as), quando alguém com boa aparência passa, fica olhando. Enche a cara, tem comportamentos de solteiro e quer que o parceiro fique feliz.
Ou seja, na maioria dos casos, você não se dedicou ao relacionamento e depois joga a culpa no coitado que foi corajoso o suficiente de encarar uma pessoa traumatizada por relacionamentos.
Mais um fator primordial para o fracasso dos relacionamentos atuais é a competição gigantesca e simplesmente patética existente entre homens e mulheres. Um quer provar que é melhor e que não precisa do outro. Em redes sociais, é o que mais vemos. No dia dos homens, são mulheres falando mal de todos nós. No dia da mentira, mulheres nos parabenizando. No dia das mulheres, homens postando fotos de cozinha ou materiais de limpeza. Mas o fato é que essa competição não deveria existir. Os homens precisam das mulheres tanto quanto as mulheres precisam dos homens. Não se deve ficar querendo ser mais poderoso que o outro sexo e provar que não está nem aí para ele. E isso infelizmente afeta também os relacionamentos. É a namorada causando ciúme no namorado, o namorado brigando porque ela tem amigos, ela chorando em casa com o telefone na mão, mas não ligando para ele para ficarem bem, pois prefere ser orgulhosa. Pra que tudo isso? É uma briga sem vencedores.
O casal acaba, os dois vão pra balada e ficam logo com outras pessoas para “se vingar”. Sinceramente, as pessoas estão evoluindo intelectualmente, mas “emburrecendo” no lado sentimental. Se existe uma competição entre pessoas, deveria ser para quem consegue fazer o outro mais feliz. Deveríamos justificar uma surpresa ou presente para o outro por algo que essa pessoa te fez primeiro e não ficar sem atender quando uma parte quer pedir desculpas e se acertar porque o ele foi grosseiro anteriormente ou sair porque o outro saiu. Chega dessa competição infantil. Se você entra em um relacionamento, que seja para ser o (a) melhor namorado (a) do mundo e não a pessoa mais indiferente e controladora.
O que temos é um conjunto de pessoas que agem como cafajestes (homens e mulheres) e são péssimos namorados, reclamando que ninguém presta. E realmente quase ninguém presta, começando por você (e a maioria de nós) que, ao ler esse texto, encontrou familiaridades. Alguns jogam a culpa nos outros, quando os maiores errados são eles mesmos. Também, ninguém mais sabe conversar sobre problemas. Ninguém sabe ouvir o outro. Quando algo te incomoda é mais fácil gritar, brigar e desligar na cara que falar como se sente com certa atitude. E quando você conversa, ainda corre o risco da pessoa dizer que você está fazendo drama. Sem conversa, como há de existir solução?
Vamos parar culpar outras pessoas pelas nossas próprias frustrações. Parar de estragar nossos novos relacionamentos ou fazer novas pessoas pagarem pelos erros dos cafajestes do passado. Vamos nos purificar, virarmos pessoas que se amam (mas se amam de verdade, não aquele falso “eu adoro a minha vida” postado em redes sociais quando se sente só), mas pessoas que admitem seus erros e evoluem a partir deles. Que olham primeiramente para si mesmos e tentam corrigir-se antes de jogar seus problemas em cima de outra pessoa e a responsabilizando quando a relação não deu certo.
Lembre-se: “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo” – Pitágoras.
Antes de dizer que ninguém presta, passe a prestar. “Preste” deixando de lado todos seus medos e frustrações. Dedicando-se a um novo relacionamento de corpo e alma, como se fosse o primeiro. Seja feliz! Aí será mais fácil encontrar outra pessoa que “presta”.

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