É cada vez mais comum as pessoas dizerem que
não namorarão nunca mais. Os motivos são diversos e vão desde “ninguém presta” a “quero curtir a vida”. Confesso que
por muito tempo fui um desses. Mas por que toda essa repulsa por
relacionamentos, por se apaixonar e pelo amor?A maior parte dos seres humanos (se
não todos) gosta sim de ter alguém ao seu lado, de saber que é importante para
outra pessoa e sentir-se feliz apenas por estar em um relacionamento. Então por
que ocorre todo esse asco? Porque praticamente todos nós já sofremos por amor. Já fomos traídos,
enganados e iludidos. Já gostamos de quem apenas nos usou para sexo, status,
diversão ou brincadeira. Fomos maltratados por pessoas que amávamos e deixados
de lado por festas, outras pessoas ou trabalho. Tudo isso é muito para
conseguirmos suportar, então, consequentemente, criamos uma barreira de
proteção contra a dor. Dor causada por algumas más experiências. Então
colocamos essa barreira enorme entre nós e os relacionamentos e vivemos em
festas, bebedeiras, em uma vida promíscua e vazia ou nos acostumamos com a solidão.
Isso vem somado a uma falsa ilusão de que estamos bem, usando de frases de
autoafirmação, dizendo que somos extremamente felizes, que “eu não namoro nunca
mais” e que é muito melhor ficar solteiro.
Outros, argumentam que preferem a liberdade de poder fazer o que quiser, de não
precisar dar satisfação e nem ter cobranças, ciúmes e brigas. Realmente,
estando solteiros não temos nada disso, mas também não temos aquele sentimento
de felicidade que ocorre apenas ao lembrar que temos alguém, por receber uma
sms de bom dia ou boa noite ou apenas ao ver uma pessoa sorrindo ao te
encontrar. Também não temos o companheirismo, planos futuros e nem damos o
melhor de nós mesmos.
Estamos “muito bem” sozinhos, mas
acabamos conhecendo alguém que parece ser diferente e resolvemos arriscar.
Então, o que geralmente acontece depois de um tempo? O namoro acaba e nos
machucamos novamente. “AGORA SIM QUE NÃO NAMORO NUNCA MAIS!”, dizemos.
No entanto, o que ninguém entende é
que esse namoro não deu certo, em grande parte, por sua culpa. Isso mesmo, SUA
culpa. Como assim? Com as feridas dos relacionamentos passados, tornamo-nos
mais frios, deixamos de nos dedicar ao novo relacionamento com medo de que
aconteça tudo novamente – que você se fira, sofra e se iluda. No entanto, você está fazendo com que uma pessoa nova
pague pelos erros dos seus relacionamentos fracassados anteriormente e
por tudo que seu/sua ex cometeu. Isso é algo inteligente a se fazer? Ao entrar em
um relacionamento já com proteções e “autoboicotando” a nova relação, quais as
chances dele dar certo? Provavelmente VOCÊ será uma frustração para a nova
pessoa e a contaminará com esse sentimento anti-namoro.
Estando solteiro (a), você faz dieta,
entra na academia, “pinta seu cabelo, malha, malha e se valoriza”. Na fase da
conquista, você se veste para a pessoa, arruma-se, usa o perfume que ela gosta.
Namorando, passa a se descuidar, deixar as coisas pra lá. Sai com a pessoa
vestida de qualquer maneira, engorda e para com a preocupação com a sua
aparência. Ora, todo mundo quer um namorado(a) bonito, arrumado e que seja ao
menos próximo da maneira que era quando o conheceu. Solteiro você se cuida e
quando encontra alguém especial, não? Qual o sentido disso? Não é agora que
deveria se cuidar ainda mais?
O mesmo
vale para a parte de se dedicar. Solteiro, você dá um jeito de sair qualquer
dia da semana para uma festa, mesmo que fique ferrado o outro dia inteiro.
Namorando, se o aniversário de namoro ou alguma data especial cai numa 4ª, diz
logo “vamos deixar pra comemorar no fim de semana, que temos mais tempo e aí
não vou trabalhar cansada no dia seguinte”.
Solteiro, paga R$250 num show e gasta
mais R$100 em bebida. Namorando, não quer viajar no fim de semana porque
precisa economizar.
Namora, mas continua flertando com
outros (as), quando alguém com boa aparência passa, fica olhando. Enche a cara,
tem comportamentos de solteiro e quer que o parceiro fique feliz.
Ou seja, na maioria dos casos, você não se dedicou ao relacionamento
e depois joga a culpa no coitado que foi corajoso o suficiente de encarar uma
pessoa traumatizada por relacionamentos.
Mais um
fator primordial para o fracasso dos relacionamentos atuais é a competição
gigantesca e simplesmente patética existente entre homens e mulheres. Um
quer provar que é melhor e que não precisa do outro. Em redes sociais, é o que
mais vemos. No dia dos homens, são mulheres falando mal de todos nós. No dia da
mentira, mulheres nos parabenizando. No dia das mulheres, homens postando fotos
de cozinha ou materiais de limpeza. Mas o fato é que essa competição não
deveria existir. Os homens precisam das mulheres tanto quanto as mulheres
precisam dos homens. Não se deve ficar querendo ser mais poderoso que o outro
sexo e provar que não está nem aí para ele. E isso infelizmente afeta também os
relacionamentos. É a namorada causando ciúme no namorado, o namorado brigando
porque ela tem amigos, ela chorando em casa com o telefone na mão, mas não
ligando para ele para ficarem bem, pois prefere ser orgulhosa. Pra que tudo
isso? É uma briga sem vencedores.
O casal acaba, os dois vão pra balada
e ficam logo com outras pessoas para “se vingar”. Sinceramente, as pessoas
estão evoluindo intelectualmente, mas “emburrecendo” no lado sentimental. Se
existe uma competição entre pessoas, deveria ser para quem consegue fazer o
outro mais feliz. Deveríamos justificar uma surpresa ou presente para o outro
por algo que essa pessoa te fez primeiro e não ficar sem atender quando uma
parte quer pedir desculpas e se acertar porque o ele foi grosseiro
anteriormente ou sair porque o outro saiu. Chega dessa competição infantil. Se
você entra em um relacionamento, que seja para ser o (a) melhor namorado (a) do
mundo e não a pessoa mais indiferente e controladora.
O que temos
é um conjunto de pessoas que agem como cafajestes (homens e mulheres) e são
péssimos namorados, reclamando que ninguém presta. E realmente quase ninguém
presta, começando por você (e a maioria de nós) que, ao ler esse texto,
encontrou familiaridades. Alguns jogam a culpa nos outros, quando os maiores
errados são eles mesmos. Também, ninguém mais sabe conversar sobre problemas. Ninguém
sabe ouvir o outro. Quando algo te incomoda é mais fácil gritar, brigar e
desligar na cara que falar como se sente com certa atitude. E quando você
conversa, ainda corre o risco da pessoa dizer que você está fazendo drama. Sem
conversa, como há de existir solução?
Vamos parar culpar outras pessoas
pelas nossas próprias frustrações. Parar de estragar nossos novos relacionamentos
ou fazer novas pessoas pagarem pelos erros dos cafajestes do passado. Vamos nos
purificar, virarmos pessoas que se amam (mas se amam de verdade, não aquele
falso “eu adoro a minha vida” postado em redes sociais quando se sente só), mas
pessoas que admitem seus erros e evoluem a partir deles. Que olham
primeiramente para si mesmos e tentam corrigir-se antes de jogar seus problemas
em cima de outra pessoa e a responsabilizando quando a relação não deu certo.
Lembre-se: “Purifica o teu coração antes
de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num
recipiente sujo” – Pitágoras.
Antes de dizer que ninguém presta,
passe a prestar. “Preste” deixando de lado todos seus medos e frustrações.
Dedicando-se a um novo relacionamento de corpo e alma, como se fosse o
primeiro. Seja feliz! Aí será mais fácil encontrar outra pessoa que “presta”.
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